vol.1
n. 04_Corpografias Urbanas 
vol.1
n. 05 _ modos de subjetivação na cidade
 
vol.1
n.4 _ corpografias urbanas  
 
vol.1
n. 3 _ cidade como campo ampliado da arte 
 
vol.1
n. 02 _ cidades imateriais  
 
vol.1
n. 01 _ paisagens do corpo   
   
 

Corpografias Urbanas

Corpo Editorial

Como vocês poderão ver, esta edição fala sim da relação corpo e cidade, mas de um modo outro, que é como tais instâncias não são distintas e fazem parte de um mesmo processo. Quer dizer, nosso horizonte é como perceber as grafias da cidade num corpo que transita e se relaciona, incessantemente, com a cidade. Grafias como escrituras e tessituras simultâneas. Corpos como extensões e distensões do cotidiano da e pela cidade.

Tem a ver com a terceira sessão temática do CorpoCidade, intitulada "Corpografias Urbanas". Para melhor esclarecer seus intuitos, bem como desfazer possíveis equívocos e preconceitos, dois de seus coordenadores foram instigados com algumas perguntas. Nelas propomos uma reflexão a partir das expressões "corpografias urbanas" e "a cidade como fenótipo extendido do corpo" (conceito do biólogo Richard Dawkins), onde Fabiana Dutra Britto e Alejandro Ahmed mostram algumas implicações dos usos dessas expressões na conjuntura contemporânea que circunscreve a tríade corpo, cidade e ambiente. No final, somando-se à discussão, está disponível um texto homônimo de Paola Berenstein, que também coordena a sessão e o artigo de Ana Clara Torres Ribeiro, intitulado Corpo e imagem, cuja abordagem se insere na discussão das resistências em espaços opacos publicado originalmente  no  número especial do caderno do PPGAU- FAUUFBA. 

Partindo da entrevista, o ensaio fotográfico que ilustra a sessão corpoSSA desta edição amplia-se, também por conta do texto-crônica de Aline Porto, para reconhecermos a cidade de Salvador sob a ótica sentinela. Três faróis – Itapuã, Santo Antônio da Barra e Monte Serrat – que sinalizam e servem de guias para navios, barcos e olhares, que revelam corpos flutuantes a caminho da Bahia de todos os santos.. Eis o próprio encontro do horizonte do mar com o asfalto da cidade. Faróis que são, de fato e de direito, olhos urbanos navegando em terra firme.  Ainda sobre os fluxos desencadeados  na relação  mar- urbanidade – corpo, o arquiteto-performer Mauricio Leonard traz na sessão intervenção do leitor relatos do projeto de intervenções públicas “Campo variando de 1 a 1000”.

Pois, se entendermos as questões acerca da cidade e a inapreensibilidade de seus processos, vivemos sim em zonas em-compreensão. No texto de abertura das reportagens, Cacá Fonseca elabora algumas idéias, a partir desse termo, para falar de algo que se configura como convergências, proximidades e divergências do e no espaço urbano, engenhado de um modo co-evolutivo (no sentido de uma transformação das relações, ora contínua, ora descontínua). Percorrendo tais zonas, apresentamos aqui, junto ao texto principal, alguns relatos-reportagens sobre a Revista Urbânia 3 (Cacá Fonseca e Edu Rocha), a exposição Pituba R1 (Aline Porto) e o Alkantara Festival em Lisboa/Portugal (Joubert Arrais).

É como trilhar um caminho que não tem mapa: ele próprio é o mapa. Muitas vezes, ação sutil pelos encontros. Outras, violenta pelo ritmo frenético da rotina de trabalho. Um entre agudo, não-causal, indistinto. Logo, revelador de muitas relações que, devidamente refletidas, podem desestabilizar expectativas e, assim, fazer notar as cidades que (sobre)vivem, pulsam, insistem, (re)organizam-se... Enfim, que se embricam em nós e conosco.